José de Alencar e o sexo feminino do século XIX e XX

Os textos de José de Alencar são uma ferramenta de denúncia da sociedade daquela época. Ao usar o sexo feminino em seus romances, ele identifica os avanços e retrocessos da sociedade, a submissão e a inferioridade feminina nesse contexto.
Aurélia, Emília e Lucíola são personagens que transmitem esse universo feminino, mulheres bonitas, fortes, de caráter e de grande personalidade.
Alencar retrata a mulher capaz de romper preconceitos e que luta pela própria liberdade.
Através desses romances, classificados como urbanos, o autor busca uma construção do perfil de mulher. Com isso ele analisa as superficialidades fluminenses, a beleza, o dinheiro, a empresa do casamento. Há o tratamento da problemática social e os conflitos de consciência.

Decifrando as mulheres.

Lúcia/ Lucíola
Depravação

Luxúria 
Sentimento de culpa
Prostituição

Lasciva  
Excêntrica 
Rejeição do amor

Demônio

Aurélia/ Senhora
Alma enigmática
Submissa
Beleza Inenarrável
Juventude
Impetuosa
Pura
Caprichosa

Emília/ Diva
Altiva
Desdenhosa
Mimada
Renega o amor
Incerta
Arrogante

Lucíola / Maria da Glória / Lúcia

Eu, Maria da Glória era uma jovem doce, inocente e pura. Com apenas 14 anos morava com meus pais, quando infelizmente a febre amarela invadiu minha casa e me vi desesperada vendo meus pais morrerem sem condições de tratar esta maldita enfermidade. Decidi vender meu próprio corpo, deitar-me com os homens de toda a cidade, obrigada pelo destino, só assim poderia salvar minha família. Tornei-me uma grande cortesã, tomando o lugar de uma que havia falecido, hoje sou Lúcia, uma mulher fria, com o corpo já usado e reusado, que tenta manter a alma pura, acreditava ser incapaz de amar até conhecer Paulo, me entreguei ao amor e por poucos momentos voltei a ser a inocente Maria da Glória. Sou assim, uma grande contradição, o coração angelical e o demônio libidinoso na alma tomam conta de um corpo só. Sou Lucíola.

Senhora / Aurélia

Sou uma mulher diferente de todas as outras da minha época. Me destaco pela minha beleza e pela maneira que penso e ajo. Me oponho a algumas regras determinadas pela sociedade, sim, não me agradavam. Com toda certeza posso a todos dominar e tenho tudo o que quero ter. Faço-me uma mulher muito educada, delicada, corajosa, elegante, informada, inteligente, experiente. Nasci para a riqueza e para a alta sociedade, já dizem que a característica mais importante de minha pessoa, e certamente é a explicação de todo meu sucesso no domínio das pessoas: é a frieza e o estimável auto-controle que possuo na alma.

Mas não sou feita só de coisas boas, tenho o orgulho ferido por ter sido abandonada, trocada por dinheiro; o destino me deu a chance de pôr em prática minha vingança: fiz sofrer, humilhei o homem que destruiu meus sonhos, meus sentimentos. Eu tinha algo puro, meu amor por Seixas, mas ele o matou.

Diva, Emília

Aos 14 anos conheci Augusto. De todos os homens ao meu redor, ele era o único que me causava um sentimento, queria tê-lo aos meus pés, mas por não conseguir, sentia repulsa.
Aos 17 anos, derrotada pelo cansaço, assumi meus sentimentos verdadeiros. Deveríamos ter ficado juntos de cara, mas sou uma mulher cheia de dúvidas e isso implica em muitas coisas. Entretanto Augusto havia reencontrado o amor que perdera quando eu o neguei certa vez.
Em um jogo de amor, amizade e desprezo, quando tudo parecia perdido, percebemos o amor que nos ligava e o vivenciamos até o último dia.